DOS PORTUGUESES QUE, ANTES DA PANDEMIA, TINHAM MOBILIDADE FORA DE CASA, 61% NÃO CUMPRIRAM O CONFINAMENTO NO LAR, NO DIA 29.

 

A consultora PSE estuda a mobilidade dos portugueses, em continuo. Este estudo é um painel que implica uma APP instalada nos telemóveis da amostra participante. Assim monitoriza-se a deslocação real da população, 24 horas por dia. Este estudo tem um elevado rigor porque regista a localização via GPS e concomitantemente porque se baseia numa amostra estatisticamente representativa do universo em estudo. Nota técnica no final.

 

O Confinamento Total dos portugueses, em casa, pode ser decomposto entre o que é o Confinamento Natural (quem habitualmente não sai de casa) e pelo Confinamento Adicional, feito pelas pessoas que habitualmente saem de casa, mas que agora ficam em casa.

 

Confinamento Total em Casa

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Nos últimos 10 dias úteis, o confinamento total em casa tem mantido sempre uma tendência de decréscimo, embora suave. É importante dizer que na média destes três últimos dias úteis, 54.6% da população ficou em casa. Ou seja, a quarentena voluntária continua a verificar-se em bons níveis, com pouco mais de 50% da população confinada.

Se analisarmos o confinamento médio semanal em dias úteis, vemos igualmente a tendência decrescente desde a semana 15.

 

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O que é o Confinamento Natural?

Há uma parte da população, que mesmo antes da pandemia, já tinha tendência em ficar em casa, num qualquer dia. Chamamos a isso “Confinamento Natural”. No período dos dias úteis entre 1 de Janeiro e 13 de Março de 2020, em média, cerca de 24.7% da população esteve naturalmente confinada no lar.

 

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Às quartas-feiras, considerando apenas o início de 2020 prévio à pandemia, o Confinamento Natural foi de 24.9%. Agora vemos que o Confinamento Adicional, em particular no dia 29 de abril, foi de 30%. Somando os dois valores, atingimos então os 55% da população em confinamento em casa.

Em suma, na média de 2020 antes da pandemia, às quartas-feiras, 75% da população encontra-se em mobilidade. Desta população que se encontrava normalmente em mobilidade, 60% (45.0%/ 75.1%) não cumpriram o confinamento.

Em conclusão, os dados dizem-nos que existem dias, durante este período do estado de emergência, em que praticamente 2/3 da população que habitualmente circula, está na rua!

 

Evolução do Confinamento Adicional

Em média, cerca de 75% da população, antes da pandemia, tinha necessidades diárias de mobilidade. Se consideramos apenas este grupo de pessoas, podemos ver a percentagem deste grupo que cumpre agora um “Confinamento (Adicional) em Casa”, no seguinte gráfico:

 

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Ou seja, da população que tem necessidades regulares de mobilidade, apenas 40% cumpre o Confinamento em Casa no dia 29 de abril 2020.

Durante o Confinamento Municipal, a taxa de confinamento desta população atingiu o máximo de 60%.

Para além do dia 29 de abril, a passada sexta-feira dia 24 apresentou também um baixo confinamento efetivo, de 36%. Ou seja, quase 2/3 da população que habitualmente circula às sextas-feiras encontrou-se em circulação, intensificando assim o movimento nas ruas.

 

Quem mais confinou e desconfinou?

 

O período da Páscoa foi um ponto de inflexão no comportamento do confinamento.

A tendência de Confinamento em Casa foi crescente até à Páscoa, como já vimos no primeiro gráfico, e decrescente depois desta.

Podemos adiantar que o movimento de confinamento foi transversal nos diferentes segmentos populacionais.

Após a Páscoa, os portugueses têm vindo tendencialmente a “desconfinar”. Ou seja, a incrementar a saída de casa e a sua mobilidade.

Comparando os níveis de confinamento Pré-Páscoa (14/Mar-12/Abr) e Pós-Páscoa (13/Abr-28/Abr) nos dias úteis vemos que a tendência de “desconfinamento” não é igual em diferentes idades, classes sociais e níveis de instrução.

 

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Em termos de idades, podemos tirar as seguintes conclusões:

  • Quem mais alterou o seu comportamento no sentido do confinamento face à sua mobilidade, antes da pandemia, foi o segmento 35-54 anos.
  • Quem menos alterou o seu comportamento no sentido do confinamento foi o segmento com mais de 55 anos, porque já tinham maiores níveis de confinamento em casa, antes da pandemia.

Nas últimas semanas, a tendência de desconfinamento foi mais evidente no segmento com mais de 65 anos, e no segmento com idade inferior a 44 anos. O segmento 45-54 foi o que menor tendência de desconfinamento apresentou, nas últimas semanas.

Por classes socio-económicas, também vemos alterações no comportamento. As classes socio-economicas mais altas alteraram mais o seu comportamento de mobilidade no sentido do confinamento do que as classes mais baixas.

No desconfinamento, os extremos tocam-se. Foram as classes altas e baixas as que em média maior desconfinamento apresentaram. A classe D, se por um lado foi a que menor variação para o confinamento apresentou, é também aquela que maior tendência para o desconfinamento apresentou, após a Páscoa.

De idêntica forma, a escolaridade também apresenta diferenças nos movimentos tanto de confinamento, como de desconfinamento. Em termos de escolaridade, vemos que foram escolaridades elevadas quem mais alterou em termos relativos no sentido do confinamento.No desconfinamento, são pessoas com escolaridade secundária que maioritariamente desconfinam nos dias úteis.

 

 

CONTACTO PSE:

info@pse.pt

OBSERVAÇÃO:

Este estudo produz desde 2019 dados que são aplicados, sobretudo, na aferição de audiência da publicidade exterior, para auxiliar as câmaras municipais no ordenamento do território e na gestão de mobilidade e transportes, e também em estudos comportamentais de mobilidade e de “shopper”, para outras empresas e entidades.

 

NOTA TÉCNICA:

Este estudo é o painel da PSE, com recolha de dados contínua através de monitorização de localização e meios de deslocação via aplicação móvel de um painel de indivíduos representativos do Universo com mais de 15 anos, residente nas regiões do Grande Porto, Grande Lisboa, Litoral Norte, Litoral Centro e Distrito de Faro. Este estudo implica uma APP instalada nos telemóveis da amostra participante. Assim monitorizamos a deslocação real da população, em cada hora do dia. Este estudo é realizado 24 horas por dia. Os dados são obtidos de forma rigorosa, via GPS e com o consentimento da amostra monitorizada. Para um universo de 6.996.113 indivíduos residentes nas regiões estudadas a margem de erro imputável ao estudo é de 1.62% para um intervalo de confiança de 95%.